Em manutenção!!!

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Da Beleza




Por Carlos Sena (*)

Ah, a beleza. Por que se diz que beleza não  põe mesa? Ou o correto é "beleza não se põe na mesa? Certo é que beleza é um "código" cognitivo que cada pessoa estabelece por dentro para dimensionar coisas e pessoas do lado de fora. Ah, mas "quem ama o feito bonito lhe parece". Perfeito, porque beleza continua sendo fundamental, qual nos disse o "poetinha". Mas, a beleza caminha no tempo e no espaço e vai se adequando aos modos e às modas vigentes e civilizatórias. Se um dia "A Monalisa" foi pintada porque representava um modelo de beleza italiana da época, hoje não mais seria. Do mesmo jeito que a magricela Gisele Biutchen (é assim que se escreve?) talvez nem fosse vista se fosse no tempo da "Monalisa", ou a "Gioconda".

Ainda bem que há o belo "particular". Entendo-o como sendo aquele sentimento de beleza que transcende ao mesmo tempo em que limita um individuo dentro de si para consigo mesmo. Porque o sentimento do "belo" deve transcender o pictórico, o tátil, o material, e se consolidar, inclusive, porque não vemos a música e achamos linda. Também nos emocionamos com atitudes fraternas e verbalizamos que elas são "lindas".
Acredito nessa fantasia do belo e da beleza em todos os sentidos que a vida se constituir. Porque o nosso mundo continua sendo minado por pessoas que só veem o copo "meio vazio". Precisamos do "belo" dentro de nós independente de padrões culturais estabelecidos ou mesmo com eles. Porque a vida é bela e dificilmente sem a beleza incrustada por dentro, (talvez lá onde "a alma humana se confraterniza com o coração e o pulmão da gente"), a gente nao se perca achando graça nas banalidades violentas que a sociedade de consumo nos tem disponibilizado como sendo "boas e belas"...

Beleza é mesma fundamental e quem ama o "feio", certamente estará amando a pessoa mais bonita e isso é bom e eu gosto...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 17/07/2014

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Para o PT o Brasil é o gato que descomia dinheiro... Cuidado!




Por Zezinho de Caetés

Começada a campanha para as próximas eleições também já comecei a ficar, como o Demóstenes (não o do Cachoeira, mas, o grego mesmo) com uma lanterna, hoje elétrica e subsidiada para que a inflação não exploda de vez, procurando o que vem a ser a verdade e o que vem a ser a mentira. Isto não inclui o que diz o PT porque eu já sei que é tudo mentira. A dúvida fica é em relação aos outros que pretendem galgar seus cargos à cata das mordomias parlamentares e executivas.

Semana passada morreu mais um grande escritor brasileiro, o Ariano Suassuna, e, pelo jeito todos meu textos agora parecem ser necrológios literários, como foi o da semana passada sobre o João Ubaldo (aqui). Desta vez não encontrei um texto do Ariano que tivesse tamanho adequado para aqui ser comentado e apelei para um do jornalista Sandro Vaia (publicado em 25/07/2014 com o título de “Mistérios da mente”) que lida com a palavra “esquizofrenia”.

Segundo ele, e eu concordo, algumas ações do lulo/dilmismo, nos últimos tempos, beiram aos estados mais perversos da esquizofrenia, que ele diz ser uma palavra grega que significa “dividir a mente em duas”. Eu só discordaria do pouco número de divisões. Hoje o PT tenta dividir nossa mente em muitas partes, tantas quantas são seus candidatos e com quem se coligam. Hoje pode-se dizer da Dilma, o que há muito tempo o Lula disse dele mesmo, que é uma “metamorfose ambulante”. Se o jornalista Vaia chama isto de esquizofrenia, tem o meu completo apoio.

Não foi o PT que criou a mentira no Brasil, e não é dele o apanágio de tal façanha, afinal de contas, tanto o Pedro Malazartes quanto o João Grilo já a usavam com a maior desenvoltura. Lembram da história que este último contava aos trouxas, e que o Ariano descreveu tão bem em seu Auto da Compadecida, sobre o gato que descomia dinheiro? Vocês já pensaram que o Brasil hoje é o gato que o PT diz que descome dinheiro e tenta convencer os eleitores disto, enfiando o dedo no mesmo lugar onde o João Grilo colocava no gato para provar a sua tese? Se todos acreditarem nele a consequência será ficar com o fiofó igual ao do bichano, e esperando pelo milagre da “compadecida” que o PT quer vender também, que é a Dilma.

Por isso se criou a expressão usada por nossa amiga Lucinha Peixoto (onde estará ela? Faz falta) de que “quem tem fiofó, tem medo”. Se isto é verdade, pensem bem antes de votar este ano, para que o fiofó não doa. Pobre do gato do João Grilo. E o que é pior se formos muito interesseiros, iremos enterrar cachorro em latim ou em dilmês, como propôs o Grilo ao padre ambicioso no Auto da Compadecida.

E vocês já pensaram que, quando o Ariano escreveu o Auto falado acima, já havia criado o Lula. Vejam se há alguém mais parecido com o Chicó do que o meu conterrâneo. Pois ambos nunca sabiam de nada e se aproveitavam da boa fé do João Grilo. Não sei quem foi que disse que quando a esperteza é demais, come o próprio dono, e o Lula parece que já foi engolido por ela, ao vender postes que nunca deram a luz, ainda tenta vender outros lá pelas bandas de São Paulo.

Agora fiquem com o Sandro Vaia que mostra porque o PT é esquizofrênico político e tentem refletir em dar um remédio a ele no próximo outubro, internando-o num hospital onde só tenha médicos cubanos. (Vejam depois do texto um vídeo que mostra o que acontece com o bichano que descome dinheiro).

“A palavra esquizofrenia vem do grego e, simplificadamente, significa “dividir a mente em dois”.

Ela define um transtorno da mente que pode ser tratado farmacologicamente ou, dependendo do diagnóstico, por terapias psicanalíticas.

Há alguns tipos de esquizofrenia de natureza política que não estão classificados nos compêndios médicos e que jamais foram estudados - de forma que a cura se torna incerta, ou mesmo impossível, dependendo de sua origem.

Por exemplo: como se explica, clinicamente ou politicamente, todo o peso institucional com que o governo resolveu, no período pré-Copa, tratar os baderneiros que encheram as ruas e incendiaram, destruíram e saquearam bens públicos e privados, aos gritos de “não vai ter Copa”, ao mesmo tempo em que um dos seus ministros mais importantes, Gilberto Carvalho, da Secretaria da presidência, trocava receitas de quindim de côco com eles?

Como se explica que o ministro da Justiça desse mesmo governo tenha dito que “não toleraremos abuso de qualquer natureza, e as pessoas que praticarem ilícitos responderão nos termos da lei penal”, e que quando os termos da lei penal começam a ser aplicados, o presidente do partido desse mesmo governo proteste contra a prisão de quem praticou esses ilícitos?

O partido declarou em nota assinada pelo seu presidente que a prisão dos chamados “ativistas” (um jargão modelo 2.0) é “uma grave violação dos direitos e das liberdades democráticas”.

Esquizofrenia pura.

Aí as pessoas normais ficam sem saber se queimar, depredar, destruir bens públicos e privados e promover atos de vandalismo são “ilícitos penais” ou fazem parte dos “direitos e das liberdades democráticas”.

A prisão preventiva de 23 dos “ativistas”, que segundo a Justiça se reuniram para praticar ilícitos penais”, foi decretada por um juiz do Rio, com base num inquérito policial: 5 foram presos e 18 foram considerados foragidos.

Alguns deles pediram um ridículo asilo político no Uruguai e foram repelidos pela diplomacia do bom vovô Mujica, que considerou uma pândega dar asilo político a foragidos da Justiça de um país plenamente democrático.

O desembargador Siro Darlan, assíduo frequentador das páginas de celebridades graças às exóticas medidas que tomava quando era juiz da Vara de Infância e Juventude do Rio, resolveu resgatar seus 15 minutos de fama concedendo habeas corpus aos “militantes”, depois de ler o mesmo processo que levou outro juiz a pedir a prisão preventiva dos 28.

À esquizofrenia política, juntou-se a esquizofrenia judicial. A revolucionária Sininho e seus acólitos estão em liberdade e os pobres mortais ficam aqui sem saber se, afinal de contas, queimar, depredar, destruir e vandalizar o patrimônio público e privado é “ilícito penal”, como quer um ministro, ou uma “liberdade democrática”, como quer o presidente do partido dele.

Mistérios da mente.”
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terça-feira, 29 de julho de 2014

Chec-List




Por Carlos Sena.(*)

Aprendi poucas coisas no exercício existencial. Porque talvez o melhor da vida não seja colocar o que você aprendeu num Chec-List, mas você ir vivendo e pensando que aprende com cada experiência. Pensando, isso mesmo. E se enganando que aprende, porque a gente envelhece e, julgando-se sabedor de tanta coisa, descobre que pouco sabe, mas que muito se angústia em busca de um saber constante, perene, dosado de sabedoria.

Talvez no nosso Chec-List da vida dois ou três itens sejam o bastante para nos manter em paz conosco. Um deles que muito me conforta é saber que julgar os outros é complexo por demais. Outro vem na sua consequência que é condenar. Arrisco um terceiro:  amar, porque é sempre mais feliz quem mais ama.

No quesito "julgar" talvez seja onde mais nos percamos diante dos outros e de nós. Porque a gente se coloca, não raro, como "palmatória do mundo" e, julgando com base em nossas medidas, dificilmente não incorreremos em erros. Um erro de julgamento que, não raro, implica num erro de condenação, se esse for o caso.

A dificuldade maior é porque não vivemos sem valores. E são eles quem nos dão as medidas da vida e da morte. Por isso é que o amor é fundamental. Porque vivendo com amor descobriremos a tolerância, a paciência  e o perdão.

Toda balança existencial que tem julgar num prato e condenar no outro tem que ter como fiel de si mesma o amor. Como vemos, o nosso Chec List  termina tendo só um item: o amor. Mas aí é que se estabelece as dificuldades do existir, pois o amor se constrói aos poucos no livre exercício de viver, sofrer, chorar, compartilhar, perdoar e se consolar, porque o amor nasce dessa complexa combinação. As relações familiares são um pouco dessa combinação de forças, como que nos pondo a provas de fogo. Ufa.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 16/07/2014

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A semana - Começou a campanha. Aeroporto, propina, Dunga e Maluf




Por Zé Carlos

A campanha eleitoral começou para valer. Então, preparem-se, lenços de papel na mão para chorar de tanto rir. Embora, a semana que passou não só viveu de campanha política para efeitos humorísticos. Eu sei que todos já riram com a notícia, mas, riam outra vez, sempre é bom. O Dunga é realmente o técnico da seleção brasileira, como era previsto. Ele produziu entrevistas interessantes, em que não disse nada. Também, depois de Felipão, do Parreira e do desastre da Copa, seria pedir demais, não é mesmo?

Outro fato marcante foi a morte do grande escritor Ariano Suassuna, que virou campanha política, mas, o filme do UOL, que apresento abaixo, não faz nenhuma menção, mesmo versando sobre a campanha. No entanto, não é porque o enterro do artista virou campanha (a Dilma veio chorosa e o Eduardo chorando, não vi o Aécio e outros candidatos a presidência, pois talvez não houvesse vaga nos jatinhos para virem) que é motivo de riso. Eu ri muito foi quando pensei nas coisas que o tornaram realmente imortal: seus personagens. Sem querer fazer analogias politicamente incorretas eu perguntei a mim mesmo se o enterro foi em latim. É, foi-se o homem e ficaram o João Grilo e a Caetana à espreita. Que injustiça, ela não encontrou o Maluf, que é o tema principal do filme de hoje.

Voltemos a ele então! O Maluf é a estrela principal e, mesmo se não fizesse nada, já seria motivo de riso. Mas, ele faz. Desde o início quando os roteiristas abordam o tema Aeroporto do Aécio. Como todos sabem, alguém descobriu que o Aécio Neves fez um aeroporto em terras de um tio. O candidato nega de pés juntos, e diz que as terras já eram do Estado de Minas e ele só fez umas melhorias na pista de pouso. Maluf entra em cena diz que ele fez o aeroporto para ele (o Aécio). Eu sei que onde tem fumaça há fogo, mas, quando Maluf fala mal de alguém, este alguém merece um crédito de confiança.

E nesta esparrela, do Maluf, quem caiu foi a Dilma Roussef porque o partido de Maluf está apoiando a reeleição da presidente, e quer fazer os santinhos de sua campanha com ela. Eu sabia que ele já tinha fotos com o Lula, com o Haddad e até com o Papa, mas, com Dilma, não. Mas, não se apoquentem pois breve ele subirá às escadas do Palácio do Planalto para ser fotografado com ela, e quem sabe, até com Michel Temer, afinal o PMDB está em todas.

Já que tocamos no nome da presidente, você viram algo mais hilário do que os vai-e-vens do caso da Petrobrás? Sumiram bilhões de reais e até hoje ninguém descobriu quem foi o culpado pelo sumiço. Parece até pum em ambiente fechado. Não foi ninguém, e fica-se sempre procurando um “cachorro expiatório”. E o TCU, julgando pelo cheiro, com a participação de dois pernambucanos (José Jorge e Múcio Monteiro) depois de analisar os odores do petardo bilionário, chegou à conclusão de que seria impossível ter sido Dilma a autora. Não porque ela não pode, como qualquer outra pessoa, aliviar num reunião do conselho, e sim porque o odor era tão forte que seria impossível alguém produzi-lo sozinho. Descobriram que foram todos os diretores os culpados. Resta agora apenas individualizar os odores para ver quem são os mais ou menos culpados. E haja riso.

E como a campanha começou mesmo não poderia faltar uma denúncia contra o candidato de Pernambuco, não o Lula (será que isto está descartaddo?), e sim o Eduardo Campos. Um deputado acusa o PSB, partido do qual ele é o presidente, de tentar suborná-lo para que ele apoiasse seu candidato a governador, o Paulo Câmara, mais conhecido aqui como o Poste do Edu, em analogia como os postes do Lula. Dizem que o Eduardo não falou nada a respeito, e eu acho que não o fez, porque foram apenas 6 milhões de reais, que comparando com o dizem que o Aécio gastou para construir o aeroporto em Minas, é uma pechincha. E onde está o motivo de riso? Talvez no nome do partido, o PROS, que não sei o que significa. Aliás, o sistema partidário brasileiro é uma fonte inesgotável de riso, em todos os aspectos. Imaginem que há ainda um partido comunista de linha albanesa que adora comemorar os aniversários do ditador coreano. Guarde um pouco de riso, porque tem muito mais.

Na semana antepassada eu disse que se poderia rir com a guerra entre Israel e os Palestinos devido à repetição dos mesmos fatos anos após anos. Aquele riso contido de quem os horrores da guerra só não são maiores do que a capacidade humana em sobreviver a ela. Esta semana temos mais um motivo de riso se esquecermos estes horrores e entrarmos nos gabinetes onde as guerras são tramadas, ou seja, na diplomacia. É que o Brasil condenou a reação de Israel pela sua ação em Gaza, dizendo que ela foi “desproporcional”. Pelo que li, o número de foguetes lançados pelos Palestinos em território israelense era muito alto e não eram foguetes de procissão, como os que via lá em Bom Conselho. E eu fiquei sem saber o que seria uma reação “proporcional” de Israel, país cuja criação o Brasil aprovou no ano em que eu nasci. Talvez, o atual governo brasileiro, quisesse que não houvesse reação nenhuma e o povo judeu deveria deixar seu território e andar pelo deserto até pagar pelos seus pecados. E foi, talvez, por não concordar com isto, que eles disseram que o Brasil era uma potência econômica mas, um anão diplomático, numa ofensa inadmissível ao povo de baixa estatura, cometendo um ato de discriminação abominável. Eu ri quando lembrei dos “anões do orçamento” e do Dunga, o da Branca de Neve, é claro.

Eu ainda estava com um pouco de força para rir, até quando um jornalista, no filme, pergunta a Maluf quais as chances de a Dilma perder as eleições. O grande correligionário da presidente, ao responder que só se o avião em que ela estivesse caísse, deu uma resposta malufiana, isto é, ultra risível. E ele foi além, quantificando estas chances: Dilma tem 98% de chances de ser eleita, Aécio 1,89% e Eduardo 0,1%. Ainda bem que isto vindo de Maluf as margens de erro são de 100%. Consegui rir até aí. E comecei a chorar copiosamente quando ele, em resposta ao jornalista, disse que só iria se aposentar na política quando morresse, e que ainda estava formando e orientando vários políticos novos no congresso nacional. E continuo chorando até agora, pelo simples fato de pensar que isto é possível. Afinal de contas, se ele se aposentar, vai em cana, e não é só ele que está nesta situação na política brasileira.

Devido ao chororô, deixo vocês com o resumo do roteiro (feitos pelos produtores do UOL) e em seguida com o filme e espero que nesta semana que entra eu posso voltar a sorrir.

A campanha do senador Aécio Neves, candidato a presidente pelo PSDB, enfrentou uma turbulência com a denúncia de que o governo de Minas Gerais construiu um aeroporto de R$ 14 milhões em uma fazenda de propriedade da família do tucano quando ele governava o Estado. Aécio disse que não há irregularidades no caso, mas o Ministério Público poderá investigá-lo.

A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, enfrenta um índice alto de desaprovação ao seu governo e conta um apoio controverso na campanha eleitoral: o do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), que já prepara santinhos com propaganda da petista.

O candidato do PSB à reeleição, Eduardo Campos, também sofreu com uma denúncia: a do deputado federal José Augusto Maia (PROS-PE), que disse que seu partido recebeu oferta de R$ 6 milhões para apoiar a candidatura de Paulo Câmara ao governo de Pernambuco.”

E o governo de Israel chamou o Brasil “anão diplomático” depois de o Itamaraty criticar a ofensiva militar contra os palestinos na Faixa de Gaza.


sábado, 26 de julho de 2014

Politicamente Correto




Por Carlos Sena. (*)


Vai chegar um tempo em que o "politicamente correto" tem que ser correto, sem o politicamente. Porque tudo hoje em dia entra no contexto exagerado do que seja uma minoria. Ou do que seja um preconceito disseminado na maioria, mas que uma minoria dentro dele sofre além da conta. Porque o politicamente correto nem sempre é ajustado às situações. Há negros que, bem resolvidos internamente, não se melindram com certas coisas duvidosas acerca da raça negra, por exemplo. Acerca dos gays, então, tudo toma uma dimensão maior que chega, nalguns casos, ao exageram no "politicamente correto". Por isso espero um momento em que o CORRETO seja a lei para tudo, embora saibamos que isso demanda muito tempo. Porque o "politicamente correto", sem levar em conta os excessos, tem levado muitas pessoas a um repensar positivo acerca dos seus preconceitos. Esse é o lado positivismo da questão. Num outro tempo, quem sabe no próximo século, não haja mais "politicamente", mas apenas o correto. Enquanto isso, algumas pessoas que sem encontram "protegidas" pela moda abusam. Por tudo elas logo ameaçam, logo prometem abrir processo, logo querem chamar a polícia. Na questão gay nada mais justo do que vivermos convivendo com eles e os seus amores. Mas, não me parece justo, um casal de gays, por exemplo, se exceder em carícias só pra provocar os héteros que estiverem em volta. Nesse caso, o respeito tem que ser recíproco.

Claro que jamais seremos a favor de qualquer ato discriminatório. Da mesma forma que se não nos tocar dos exageros do "politicamente correto" chegaremos ao ponto de não podermos comprar feijão preto na feira ou o mercado. Algum preto que estiver por perto poderá se ofender. Ou não?

Melhor a ponderação. E a certeza de que um dia o "correto" não precisará do "politicamente" para sobreviver.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 29/06/2014

sexta-feira, 25 de julho de 2014

O defunto imortal e o lulismo




Por Zezinho de Caetés

Hoje, por não ter vivos escrevendo coisas interessantes eu comento um texto de um morto. Trata-se de um artigo publicado no O Globo de 01/07/2012, com o título de “A HORA DA SAIDEIRA”, no qual o autor escreve sobre Lula e o lulismo, o que poderia ser hoje o lulo/dilmismo, sem mudar o rumo da conversa.

Desde o título, já se sabe que o texto abordará algo relativo a Lula, pois foi naquele ano que o Lula tomou a “saideira” de 51, devido a problemas de saúde. Hoje ele se diz curado tanto da doença quanto do outro vício, o do alcoolismo. Sei não, mas pelo que ele anda falando por aí, parece só ter se curado da doença.

O homem, meu conterrâneo, perdeu de vez as estribeiras com o possível e quase certo insucesso eleitoral de seus postes prediletos (Dilma e Padilha), além do insucesso administrativo do poste mais novo (Haddad) e parece que maluqueceu de vez. Ouvir um discurso dele hoje deve ser um sacrifício enorme para aqueles que hoje se beneficiam do petismo, porque tem que ficar ouvindo e balançando uma bandeira, nos comícios em ambientes fechados. Nos ambientes abertos o Lula nem a Dilma podem ir mais devido às vaias e xingamentos.

Como diz com maestria o morto de quem eu transcrevo o texto abaixo, o João Ubaldo Ribeiro, a grande característica do PT é ficar no poder com unhas e dentes. Como dizia o Brizola, os seus cabeças pisariam até no pescoço da mãe para obter e permanecer no poder, como se vê e se viu nos últimos tempos (ou foi Lula que disse do Brizola, a memória me falha, mas tudo dá no mesmo). Hoje não há mais pejo em nenhuma atitude mesmo que todos saibam que quase toda frase que se pronuncia no partido é uma mentira deslavada, com o intuito de não sair do poder.

O que discordo do grande imortal João Ubaldo, e ele me desculpe por ter dito que ele estava morto, apenas erra quando diz que o PT se tornou corrupto apenas quando assumiu a presidência da república. Se é verdade que o PT é Lula, basta ver as histórias dos sindicatos em São Paulo para saber que isto não é verdade (basta ler o Nêumanne Pinto e contar os presos na Papuda). No resto tudo é verdade e por isso recomendo que leiam texto o abaixo, de um morto que não morrerá jamais.

O título que dei a este pequeno nariz de cera, penso eu, seria o título que o João Ubaldo daria se o texto fosse dele, sem querer me comparar com o grande escritor brasileiro, que morreu recentemente mas não morreu porque deixou escritos com este que apresento.

“Na semana passada, li um artigo do professor Marco Antonio Villa, que não conheço pessoalmente, mostrando, em última análise, como a era Lula está passando, ou até já passou quase inteiramente, o que talvez venha a ser sublinhado pelos resultados das eleições. Achei-o muito oportuno e necessário, porque mostra algo que muita gente, inclusive os políticos não comprometidos diretamente com o ex-presidente, já está observando há algum tempo, mas ainda não juntou todos os indícios, nem traçou o panorama completo.

O PT que nós conhecíamos, de princípios bem definidos e inabaláveis e de uma postura ética quase santimonial, constituindo uma identidade clara, acabou de desaparecer depois da primeira posse do ex-presidente. Hoje sua identidade é a mesma de qualquer dos outros partidos brasileiros, todos peças da mesma máquina pervertida, sem perfil ideológico ou programático, declamando objetivos vagos e fáceis, tais como “vamos cuidar da população carente”, “investiremos em saneamento básico e saúde”, “levaremos educação a todos os brasileiros” e outras banalidades genéricas, com as quais todo mundo concorda sem nem pensar.

No terreno prático, a luta não é pelo bem público, nem para efetivamente mudar coisa alguma, mas para chegar ao poder pelo poder, não importando se com isso se incorre em traição a ideais antes apregoados com fervor e se celebram acordos interesseiros e indecentes.

A famosa governabilidade levou o PT, capitaneado por seu líder, a alianças, acordos e práticas veementemente condenadas e denunciadas por ele, antes de chegar ao poder. O “todo mundo faz” passou a ser explicação e justificativa para atos ilegítimos, ilegais ou indecorosos.

O presidente, à testa de uma votação consagradora, não trouxe consigo a vontade de verdadeiramente realizar as reformas de que todos sabemos que o Brasil precisa — e o PT ostentava saber mais do que ninguém.

No entanto, cadê reforma tributária, reforma política, reforma administrativa, cadê as antigas reformas de base, enfim? O ex-presidente não foi levado ao poder por uma revolução, mas num contexto democrático e teria de vencer sérios obstáculos para a consecução dessas reformas.

Mas tais obstáculos sempre existem para quem pretende mudanças e, afinal, foi para isso que muitos de seus eleitores votaram nele.

O resultado logo se fez ver. Extinguiu-se a chama inovadora do PT, sobrou o lulismo. Mas que é o lulismo? A que corpo de ideias aderem aqueles que abraçam o lulismo? Que valores prezam, que pretendem para o país, que programa ou filosofia de governo abraçam, que bandeiras desfraldam além do Bolsa Família (de cujo crescimento em número de beneficiados os governantes petistas se gabam, quando o lógico seria que se envergonhassem, pois esse número devia diminuir e não aumentar, se bolsa família realmente resolvesse alguma coisa) e de outras ações pontuais e quase de improviso?

É forçoso concluir que o lulismo não tem conteúdo, não é nada além do permanente empenho em manter o ex-presidente numa posição de poder e influência. O lulismo é Lula, o que ele fizer, o que quiser, o que preferir.

Isso não se sustenta, a não ser num regime totalitário ou de culto à personalidade semirreligioso. No momento em que o ex-presidente não for mais percebido como detentor de uma boa chave para posições de prestígio, seu abandono será crescente, pois nem mesmo implica renegar princípios ou ideais. Ele agora é político de um partido como qualquer outro e, se deixou alguma marca na vida política brasileira, esta terá sido, essencialmente, a tal “visão pragmática”, que na verdade consiste em fazer praticamente qualquer negócio para se sustentar no poder e que ele levou a extremos, principalmente considerando as longínquas raízes éticas do PT. Para não falar nas consequências do mensalão, cujo desenrolar ainda pode revelar muitas surpresas.

O lulismo, não o hoje desfigurado petismo, tem reagido, é natural. Os muitos que ainda se beneficiam dele obviamente não querem abdicar do que conquistaram. Mas encontram dificuldades em admitir que sua motivação é essa, fica meio chato. E não vêm obtendo muito êxito em seus esforços, porque apoiar o lulismo significa não apoiar nada, a não ser o próprio Lula e seu projeto pessoal de continuar mandando e, juntamente com seu círculo de acólitos, fazendo o que estiver de acordo com esse projeto.

Chegam mesmo à esquisita alegação de que há um golpe em andamento, como se alguém estivesse sugerindo a deposição da presidente Dilma. Que golpe? Um processo legítimo, conduzido dentro dos limites institucionais?

Então foi golpe o impeachment de Collor e haverá golpe sempre que um governante for legitimamente cassado? Os alarmes de golpe, parecendo tirados de um jornal de trinta ou quarenta anos atrás, são um pseudoargumento patético e até suspeito, mesmo porque o ex-presidente não está ocupando nenhum cargo público.

É triste sair do poder, como se infere da resistência renhida, obstinada e muitas vezes melancólica que seus ocupantes opõem a deixar de exercê-lo. O poder político não é conferido por resultados de pesquisas de popularidade; deve-se, em nosso caso presente, aos resultados de eleições.


O lulismo talvez acredite possuir alguma substância, mas os acontecimentos terminarão por evidenciar o oposto dessa presunção voluntarista. Trata-se apenas de um homem — e de um homem cujas prioridades parecem encerrar-se nele mesmo.”

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Jessica - Um Prodígio




Por Carlos Sena (*)

Jonas era funcionário de um grande banco federal, no Recife. Jovem, bonito e elegante, sempre despertava atenção dos colegas pela beleza, mas também pela  sua timidez. Todo dia, no banco, ficava no seu canto quieto. Nessa época havia os tradicionais funcionários de carteira - ele era um desses que cuidava do cadastro de pessoal. Seus colegas iniciavam o dia falando de filhos, de novelas, de decepções amorosas e ele se limitava apenas a escutar. Seus colegas, contudo, não sabiam se Jonas era casado, solteiro ou viúvo. Certo dia uma das suas colegas começou a se interessar por ele. Ele, esperto, logo percebera o interesse dela e cuidou de dispersa-la. Mas ela insistia e o convidava para festas, para o cinema. Em vão. Jonas decidiu usar sua aliança de casado! Surpresa total, pois além de não falar muito da sua vida pessoal, de repente, começa a falar de sua filha chamada de Jessica. Sempre que os colegas falavam dos filhos, Jonas falava de Jessica. Dizia que era estudiosa, que isso é que aquilo, do mesmo jeito que os outros colegas também diziam. A partir daquele dia, Jonas passou a ir se integrando com seu grupo de trabalho. No cafezinho, sempre tinha histórias de Jessica pra contar. Também falava da esposa, mas pouco. Sempre que havia aniversário de uma criança filha dos seus colegas, logo um convite era feito a Jessica. Mas Jessica nunca ia. E ele, o pai, sempre arrumava uma desculpa. Depois de cinco anos de Caixa Jonas foi promovido. Foi trabalhar noutra agência, mas os colegas não esqueceriam dele, muito menos as histórias hilárias que ele, toda manhã, contava aos colegas. Certo dia, no aniversário de Jessica, os colegas ligaram pra ele cobrando uma festa. Afinal, nunca foram a um aniversário da garota que, por tantas peripécias contadas pelo pai, os colegas queriam ver a garota prodígio. Jonas, esperto, logo despistou os colegas: este ano Jessica vai comemorar o aniversário com os avós em Portugal, teria dito aos colegas por telefone.

O tempo passa, Jonas segue sua carreira exitosa de bancário até que resolve se aposentar, embora sem tempo pra isso. Aposentado, sempre se encontrava na rua com os colegas que, inevitavelmente, perguntavam por Jessica. Na ultima vez que isso aconteceu ele disse que ela estava noiva de um medico e prestes a se casar.

Contando-nos esta história numa mesa de bar, ninguém se conteve de tanto rir, inclusive este pobre escriba. Moral dessa história? Jonas era gay assumido, nunca houvera se casado, muito menos tido filhos. Morou com um rapaz com quem viveu longo tempo.

Jessica? Foi uma invenção de Jonas para ter histórias de filhos pra contar toda manhã no seu ambiente de trabalho. Disse que se não fosse assim talvez não tivesse agüentado os colegas, principalmente as mulheres falarem tanto dos filhos e ele nada. Inventou Jessica para se enturmar e ainda hoje alguns dos seus colegas, quando lhe encontram na rua, perguntam por ela. Resultado: a mentira muitas vezes repetida se torna verdade.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 18/06/2014

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Será que o Lula vai acudir a Dilma? Coitadinha...




Por Zezinho de Caetés

Ontem ao fuçar pela mídia, escrita, falada, blogada e televisionada, deparei-me com as notícias das pesquisas e manchetes eleitorais e esportivas, que me deixaram mais alegre, e até mais otimista em relação ao futuro do nosso país. E isto porque estou vendo meu conterrâneo Lula apelar quase todos os dias para sua verdadeira vocação: enganar para subir. É certo que na parte esportiva, eu fiquei pessimista porque o Dunga foi confirmado como novo técnico da seleção. Mas, pensando bem, se Dilma for reconhecida com a Mulher do Dunga, além de Mãe do PAC, o desastre para ela em outubro será grande.

Alguns dirão que eu estaria falando de todos os políticos, quando falo em enganar e subir, e pode até ser, com as honrosas exceções, mas o Lula sempre foi especial. E agora está se sentindo acuado porque ficou arrependido de não ter pegado logo a candidatura e ser ele mesmo o candidato a presidente, deixando a gerenta presidenta que ele mesmo criou de lado. Ela diz agora que “daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Mas, quem acreditar que ela tem força para impor isto não conhece o Lula e sua trupe. Esta está encastelada em todos os lugares, apenas esperando que as pesquisas digam com mais certeza, quem vai realmente para o segundo turno, se o Aécio ou o Eduardo.

Como tudo indica que será o Aécio (e será que o Eduardo continuará oposição ou vai de Dilma, no segundo turno?) o Lula já começou a agir. O texto abaixo, do Ricardo Noblat, publicado em seu blog em 21/07/2014, tendo como título: “Me acode, Lula!”, mostra com maestria o que poderá ser o novo volta Lula, agora com a gerenta presidenta sendo tida pelos asseclas de Lula com a geranta presidanta.

Pelo que vocês lerão abaixo, poderão concluir que ele está desesperado, porque, se perder, vai ter a Papuda se abrindo à sua frente. Vi um vídeo de um evangélico, o Pastor Silas Malafaia, que transita pelo YouTube (ver lá embaixa, depois do texto do Noblat), onde ele acusa abertamente o Lula de espertalhão, incluindo o seu filho Lulinha como grande beneficiário de suas maracutaias. Ele, o pastor, pode até estar errado mas que o Lula vai ter que explicar, isto vai. Aliás, ele ainda não disse nada sobre as acusações do Romeu Tuma Júnior, em seu livro, que o acusa de tentar assassinar sua reputação, além da versão exata da morte do Celso Daniel.

Se o Lula ou a Dilma não forem eleito, mesmo sem o Joaquim Barbosa na ativa, a justiça vai chegar para ele, mais dias, menos dias. Quando ele hoje diz que “A política está apodrecida no Brasil” e é preciso que acabar com a farra dos partidos que se vendem em troca de tempo na TV, pode-se ver que seu desespero chegou ao supremo grau de ebulição. E é por isso que estou otimista com as eleições de outubro, pois sei que o meu conterrâneo, o Lula, não dá ponto sem nó. O desespero é grande.

Fiquem com o Noblat, na esperança de que o “Me acode, Lula” dê certo, e ele venha se molhar, porque entrou na chuva há muito tempo e agora, queira Deus, fique todo molhado com a chuva que cairá em São Paulo, mesmo contra sua vontade. E respondendo à pergunta final do jornalista eu diria que não acredito em nada que Lula diga. Chega de enganação.

“Quem disse indignado na semana passada: “A política está apodrecida no Brasil”?

E quem disse: “É preciso acabar com partidos laranjas, de aluguel, que utilizam seu tempo [de propaganda eleitoral no rádio e na TV] para fazer negócio"?

Por último, quem disse que deveriam “ser consideradas crime inafiançável doações de empresas privadas para partidos”?

Está de pé? Melhor sentar. Foi Lula quem disse. Acredite!

Estou de acordo: não é de hoje que Lula diz o contrário do que faz. Ou afirma algo que nega amanhã. Ou simplesmente reescreve fatos conhecidos.

Procede assim porque acha que a política é para ser feita assim. Aprendeu de tanto observar os costumes alheios quando era líder sindical ou político novato.

Aprendeu, também, depois de perder três eleições presidenciais seguidas.

Agora, chega! – concluiu em 1998 ao ser derrotado pela segunda vez por Fernando Henrique. Deve ser por isso que sempre o trata mal. Parece esquecido de que foi cabo eleitoral dele.

Adiante.

Lula mandou chamar à sua presença o presidente do PT, à época José Dirceu. E ordenou-lhe que jogasse as regras do jogo para elegê-lo. Não estava mais disposto a bancar o bobo.

A semente do escândalo do mensalão caiu em terra fértil quando Lula, na companhia de José Alencar, seu futuro vice, assistiu à compra por pouco mais de R$ 6 milhões do apoio do PL do então deputado Valdemar Costa Neto.

O negócio foi fechado em um apartamento de Brasília. Lula e Alencar ficaram no terraço. Dirceu, Delúbio Soares, tesoureiro do PT, e Valdemar, se trancaram num quarto.

O efeito devastador sobre o governo do escândalo do mensalão obrigou Lula a convocar uma cadeia nacional de rádio e de televisão para pedir desculpas aos brasileiros.

Uma vez terminado o julgamento do mensalão, disse que ele jamais existiu. E acusou o Supremo Tribunal Federal, cuja maioria dos ministros foi nomeada por ele, de ter se curvado à pressão da mídia.

Incoerência? Que nada. Esperteza!

Em 2005, Severino Cavalcanti (PP-PE), presidente da Câmara dos Deputados, renunciou ao cargo e ao mandato para escapar de ser cassado. Recebera um mensalinho pago pelo dono de um restaurante.

Lula saiu em defesa dele três anos depois. Afirmou que o respeitava muito. E culpou parte da “elite paulista” pela queda de Severino. Ainda não existia a “elite branca” capaz de vaiar Dilma.

A um amigo, em conversa recente, Lula referiu-se a Dilma como “aquela mulher”. Lamentou não ter combinado abertamente com ela que a substituiria já este ano como candidato a presidente.

Dilma conta a história de que consultou Lula sobre seu desejo de voltar ao poder. E diz que ele negou o desejo.

Antes de se lançar candidato do PSB à vaga de Dilma, Eduardo Campos ouviu de Lula que não disputaria a eleição.

O “Volta, Lula!” esfriou. O “Me acode, Lula!” só faz esquentar. Para tristeza de Dilma.

Ela imaginou que chegaria às vésperas da eleição deste ano menos dependente de Lula. Mas não. Em primeiro lugar, depende de Lula para se reeleger. Em segundo, do engenho e arte do seu marqueteiro.

O tempo de propaganda eleitoral de Dilma será três vezes maior que o de Aécio e cinco vezes maior que o de Eduardo. Por que?

Porque Lula costurou uma aliança de 10 partidos, a maioria de aluguel, que doou a Dilma seu tempo de propaganda em troca de dinheiro e de cargos no governo.

Se tudo der certo, Lula promete acabar com os meios reprováveis que teriam ajudado Dilma a se reeleger.

Você acredita?”

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terça-feira, 22 de julho de 2014

Família e Espiritualidade




Por Carlos Sena. (*)

Há quem diga que família é toda igual; que só muda o endereço. Também dizem que só serve para tirar foto em noite de natal. O que pouco se ouve dizer é que a família é uma célula importante da sociedade e que (pasmem!) seus membros são "escolhidos a dedo" pela espiritualidade. Não precisa ser católico ou espírita para essa compreensão, desde que não se queira entoar de religiosidade o raciocínio. Fato é que, principalmente as famílias numerosas nos tornam claras essa concepção. Aquelas menos numerosas, idem, só que num viés mais calmo de subjetividade espiritual. Porque o nosso nascimento é uma combinação de fatores que a espiritualidade reserva para que certas pessoas convivam com outras sob o laço familiar ou por prova ou por premiação diante das diversas "missões" que todos temos quando nascemos. (A brevidade da vida não seria um pouco disso?)

Observar quão os filhos são diferentes, muitas vezes deixam os pais boquiabertos e sem a real compreensão disso. Claro que cada pai e mãe compreende a sua família dentro do que sua cognição e sua compreensão do mundo e da vida lhe permitem. Contudo, quando a família vai crescendo, casando, tomando cada um seu rumo, então se verifica quão complexas são as relações familiares que num passado foram tranqüilas e cheias de previsibilidade mas que, num passe de mágica, se apresentam cheias de conflitos. Há muitos casos em que irmãos se afastam uns dos outros por motivos jamais imaginados pelos pais diante das histórias de cada um compartilhadas na infância e adolescência ou mesmo na fase adulta. A criação foi a mesma mas, os pais tem a sensação de que os filhos não saíram da mesma mãe e do mesmo pai, tamanhos os desentendimentos.

Certamente que essa compreensão não é de simples aceitação. Da mesma forma que não custa nada para alguns observar o porquê de tanta diferenciação no meio das famílias. Pais que brigam com filhos. Filhos que rompem com os pais. Fofoca e disse-me-disse de todo tipo, ingratidões, rompimentos, desaforos, etc., tudo na maioria das famílias tem. Melhor: muitas vezes todos voltam às boas e a família segue. Mas, há famílias harmônicas e que mesmo essas, também tem seus membros "escolhidos" pela espiritualidade com outros fins de "resgate e provas". Casais que não tem filhos, também são postos na vida a dois por motivos particulares que nós, humanos, por nossa pouca capacidade de compreensão não alcançamos.

No geral, os conflitos de família são compreendidos à luz dos conceitos imediatos das igrejas, escolas, etc. Contudo, há que se ter uma visão além do que os olhos e as mãos alcançam. Porque não é por acaso que as pessoas nascem. Muito menos acaso é quando elas são escolhidas para nascer nesta ou naquela família. Um filho de um empresário é tão filho quanto o de um operário. O que ninguém explica é "quem escolheu o filho que nasceu na família do empresário"? Só que o filho do empresário poderá ser um bom caráter, mas também um picareta de marca maior. O Filho do operário, idem. Mas, o Brasil já teve um presidente que saiu de família pobre e quem duvida que isso não tenha sido um designo da espiritualidade? Maktube? Certamente, mas não nessa mesma ordem.

O que complica nisso tudo é que os imediatistas entregam tudo ao destino. Este, por sua vez, tem se constituído como alternativa para suprir a ignorância dos fracos de visão. Esquecem que acaso não existe e que nós não nascemos em nossa família por osmose mas, para dali seguir a nossa trajetória evolutiva na terra em conformidade com nossos merecimentos.

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(*) Publicado em 30/05/2014

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A semana - Dilma perdeu a presidência do BB, mas, o Dunga vem aí...




Por Zé Carlos

Se eu disser que o Brasil é o país da piada pronta posso até ser processado mais uma vez, agora por plagiar o Zé Simão ou o Macaco Simão, como queiram. Por isso apenas concordo com ele. Mas vejam se não é para morrer de rir, depois que já estamos rindo freneticamente pela demissão do Felipão e do Parreira, saber que o novo coordenador técnico de futebol é um ex-goleiro que não entende nada de administração, a não ser cuidar da carreira de Adriano? Sim, aquele mesmo que ainda está tentando se ajustar na vida para voltar ao futebol. E tem mais, dizem que o novo técnico da seleção será o Dunga. Pode? Que Deus nos proteja de tanto riso e de tanta alegria, com estes mais de mil palhaços no salão. Somente ter que aturar os novos modelitos do Dunga, feitos por sua filha, na beira do campo, o riso nos levará ao choro.

E assim foi a semana que passou. Simplesmente, hilariante. Além de aguentar terem dado a Messi o título de melhor jogador da Copa, temos que aturar a briga entre oposição e o governo para ver quem é culpado pelo aconteceu na Nela das Nelas. Não houve nunca, na história deste país, tamanha injustiça. O melhor jogador foi um holandês, o Roben, que não chegou a fazer exame antidoping, porque chamaram um mecânico para ver qual a qualidade do motor que ele usava, e estava tudo legal. Deveria ser um motor alemão. E quanto à culpa do que aconteceu dentro e fora do campo, a culpa é do povo. Viva o Povo Brasileiro! Que ficou mais pobre com a morte do João Ubaldo Ribeiro.

E eu ainda não toquei nem nos assuntos abordados pelo UOL, no filme abaixo, que tenta resumir, com humor, a semana passada. Antes disso ainda só resta salientar coisas que aconteceram no mundo e não no Brasil, mas que nos levaram pelo menos a fazer um ar de riso.

Primeiro foi a chegada e a festa da seleção alemã em Berlim. Depois da queda do muro os alemães estão quase iguais aos brasileiros, chegados a uma piada e a uma irreverência. Disseram, em relação à Argentina que os “gaúchos” vivem abaixados e eles vivem em pé. Os argentinos se zangaram, até descobrirem a situação de sua economia. Estão devendo a Deus e ao mundo e dizem que não vão pagar porque tem o apoio de Deus com a ajuda do Papa Francisco. O riso é pelo número de calotes que a Argentina já deu nos últimos tempos. Nem o Brasil empresta mais dinheiro. Nem os BRICS aceitaram sua companhia.

 E, aproveitando o ensejo, e já entrando num dos temas abordados pelo filme, foi criado o Banco dos BRICS (sigla para mostra o bloco de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e South Africa, e coloco no nome em inglês porque em português seria BRICA, que pode resultar em mil trocadilhos, e não é motivo para BRICAdeira), que visa favorecer eles mesmos e fugirem da influência do FMI. Eu não sei porque, pois dizem que o Lula pagou tudo que lá devíamos. Vai ver ele não sabia que havia uma conta secreta que não foi paga. No entanto, dizem que houve uma briga danada, porque os outros países não queriam usar a sigla BB, que Dilma propôs. Ou seja, ela queria fazer o mesmo que faz com o BB daqui, que serve mais ao governo do que ao Brasil.

Outro fato que não era para rir, pois nunca podemos rir de guerras, foi invasão de Israel à Faixa de Gaza. Eu, sem querer ser politicamente correto, confesso que ri, não do fato, mas, de sua repetição. Ri quando perguntei, “de novo?”. Quando vi o desastre comecei a chorar.

No entanto, onde realmente estrebuchei de ri foi quando o Eduardo Campos, nosso (do estado) representante na seleção de candidatos dizer que o mensalão era a mesma coisa que a compra de votos do FHC para a reeleição. Eu penso que o Eduardo ou tira o Lula da cabeça ou poderá se comprometer, com este tipo de resposta, que o Aécio adorou para brilhar dando a resposta quase correta para o fato, dizendo mais ou menos que na Papuda não existe ninguém preso por ter comprado voto para a reeleição. Já para o mensalão! Bem, mas, para todos, a principal ação nesta campanha é tentar soltar o rabo deles ou dos seus apoiadores. Dizem que os marqueteiros está fazendo das tripas coração para não deixar nenhum rabo preso. Acho que vai ser difícil. Eles devem estar colados com Tenaz, produto do qual agora me lembrei da propaganda que dizia: “Cole com Tenaz e descole se for capaz”, e haja riso. Hoje tudo é propaganda mesmo. O pior castigo para os políticos é a prisão de rabos. A internet mostra todos os nós que foram usados em suas amarrações, são verdadeiros “nós cegos”.

No caso de hoje, penso que o filme foi invertido, porque é muito difícil ir em frente, a partir do primeiro tópico hilário abordado, sem morrer de rir. Ele mostra a constatação de que nosso Congresso está mais mais vazio do que a Arena Pernambuco em jogo do campeonato pernambucano. E dizem que isto irá até as eleições. E o risco de morte por alegria é porque o filme também fala que os congressistas não terão nenhum desconto no salário. Mas, respirem fundo e continuem, isto é o Brasil, o país do futebol (vamos ser otimista, o Dunga vem aí).

Bem, até acho que já me estendi demais, e espero que todos vejam o filme e comecem bem a semana, rindo sempre, que é o melhor remédio que ainda não foi proibido pela Anvisa. Vejam abaixo o resumo do roteiro e vão em frente.

“A Copa do Mundo acabou, mas não no Congresso. Os parlamentares esticaram o clima de festa do Mundial e só devem votar projetos importantes em agosto.

Nas sabatinas com os candidatos a presidente realizadas pelo UOL, pela “Folha de S.Paulo”, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan, Eduardo Campos (PSB) comparou o mensalão com a suspeita de compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), nos anos 90, e disse que não teve envolvimento com os casos; Aécio Neves (PSDB) afirmou que não houve corrupção no Congresso no governo FHC.

Por sua vez, a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, negou que o Brasil tenha sido obrigado a ceder à Índia a presidência do banco criado pelos Brics, grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.”


sábado, 19 de julho de 2014

Testemunhos do Vovô Zé - A Copa do Mundo não é nossa...


Vovó Marli, Vovô Zé e Davi na Arena Pernambuco.


Por Zé Carlos

Muito tempo antes de poder encarnar o Vovô Zé eu vi minha primeira Copa do Mundo em 1958. Da anterior, de 1954, que, hoje sei, foi ganha pela Alemanha, eu não me lembro de nada pois tinha apenas 6 anos. Por isso tenho dúvidas se o Davi, meu neto mais velho e quase com a mesma idade, lembrará de sua primeira Copa. Eu, sinceramente, espero que não. O desastre da seleção brasileira em 2014 contrasta em tudo com sua vitória em 1958.

Naquele ano, ainda em Bom Conselho, mesmo sem TV Digital, nem 4K, e mesmo sem TV nenhuma, foi o rádio que me fez despertar para o esporte que aprendi a praticar lá na Rua da Cadeia. Não havia meia furada que não fosse reaproveitada ou reciclada para os jogos de rua. Campo de futebol, para mim na época, nem pensar. No máximo íamos até à rua de Maneléu (hoje XV de Novembro) jogar numa areinha fofa que existia por lá, na qual os cavalos pisavam e faziam suas necessidades no domingo, dia em que lá se transformava num prado.

E neste ano de 1958, a seleção brasileira fez despertar na criançada o desejo de se tornar grandes jogadores de futebol, e eu era um deles. Times e mais times surgiram e quem não tinha um tratou de criar ou procurar os donos da bola para entrar num deles. Mas, voltando à copa em si, mesmo pelo rádio, tudo foi uma festa do começo ao fim. O Brasil foi ganhando dos austríacos, russos, franceses e finalmente dos suecos, e mesmo empatando com os ingleses, a Copa do Mundo era nossa. Quem, de minha geração não lembra daquela música, que dizia:

A Copa do Mundo é nossa
Com brasileiro, não há quem possa...?

Os meus olhos de criança brilhavam diante da espontaneidade das comemorações, do carnaval que se formou num domingo de julho, em nossa cidade. Lembro como um sonho, hoje um sonho do Vovô Zé. Naquela época eu era o Garrincha, jogador que mais admirava depois de Gilmar, quem não pude ser porque me convenceram que eu era baixinho para a posição de goleiro. Fiquei na ponta direita mesmo, onde ainda jogo, nunca gostei da esquerda.

Meu neto Davi, e agora também o Miguel, influenciados por nossa Copa recente, já são absolutos admiradores do esporte mais popular no Brasil. No início da Copa ambos queriam ser Neymar. Depois do jogo contra o Chile, ambos queriam ser Júlio César e Davi Luis. Até irmos ao jogo Alemanha x Estados Unidos na Arena Pernambuco. Eles brigaram para ver quem era Neuer, o goleiro alemão. Depois do desastre do Mineirão brigaram para ser o Close, centroavante alemão. E agora vocês imaginam quem eles querem ser? Qualquer um menos um brasileiro. Ainda insisti em Neymar, mas, o Miguel me falou que ele estava doente.

E doente ficamos todos nós com a perda do tão falado hexa, menos o Vovô Zé, que já é hexa há muito tempo. E os meus netos também, pois ambos torcem pelo Náutico. E um dos grandes problemas que tenho hoje é como convencê-los a continuar torcendo pelo nosso timbu que hoje mais parece o Íbis de tanto perder. Para salvar este dois torcedores ainda alvirrubros hoje tenho um argumento forte: Não me lembro de nenhuma vez que o Náutico tenha perdido de 7x1, como o fez nossa seleção este ano.

Mesmo diante do desastre futebolístico de nossa seleção, o Vovô Zé teve uma das copas mais felizes, fora do campo. Quase todo o tempo passei com os netos, e até indo à Arena Pernambuco pela primeira vez, e talvez única. Fui com o Davi e pude constatar seus grandes conhecimentos futebolísticos, obtidos dos álbuns de figurinhas (que o Vovô Zé e a Vovó Marli ajudaram a preencher ganhando nosso tempo nos troca-trocas da vida), programas de TV e jogando com a garotada:

- Davi, quem é este que está com a bola?

- Vovô Zé, tu és burro? É o Schweinsteiger!!! (Fui à internet para escrever o nome corretamente)

Quando da horrível ocasião do desastre do Mineirão estávamos separados. Eles em Caruaru e eu no Recife. Depois do quinto gol da Alemanha eu fiquei receoso que o Davi começasse a chorar com a decepção em relação à seleção. Liguei para ele pelo telefone e dei uma de avô que não pode ver neto sofrer nem quando faz gol contra, para dizer que não se preocupasse que futebol é para ganhar ou perder, e mais algumas bobagens que tentam dourar à pílula, mesmo sabendo que ela dói para ser engolida. O diálogo foi mais ou menos assim:

- Oi Davi, estás vendo o jogo?

- Estou, Vovô! Eu e o Miguel já estamos torcendo pela Alemanha!

- Boa, Davi! Viva a Alemanha!

Como invejei ser criança e resolver assim todos os problemas. Esta talvez tenha sido a melhor solução para não continuar tão triste quanto em outras copas, com seleções melhores e que perdemos também. Sei que nem sempre podemos mudar de lado quando perdemos, mas, quem era eu naquele momento para aconselhar meu neto a torcer pelo Brasil? Talvez faça isto na próxima Copa lá na Rússia. Espero que o Davi e o Miguel já tenham esquecido a de 2014.

P.S.: O ar triste do Davi na foto ilustrativa talvez fosse uma premonição do que iria ocorrer com a seleção brasileira, dias depois. 

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Os Canos de Dom Helder.




Por Carlos Sena (**)

Dom Hélder entrou pelo cano das injustiças do país que lhe calou a boca por longo tempo.

Entrou pelo cano de parte do próprio clero. Este, insatisfeito em função de seu trabalho com as comunidades de base fora dele se afastando, certamente por conta dos rumores de que o comunismo tinha em Dom Helder, equivocadamente, um forte aliado.

Entrou pelo cano quando teve que engolir, aparentemente calado, a morte de Padre Henrique, seu principal sacerdote na luta contra a ditadura.

Entrou pelo cano da insolência burguesa do Recife que tentou comprar suas convicções cristãs "ofertando-lhe" uma Mercedes BENZ no dia da sua entronização arquidiocesana.

Entrou pelo cano quando, pela sua amizade e prestígio pessoal com Paulo VI, teve que enfrentar a ira dos padres conservadores da arquidiocese de Recife e Olinda.

Entrou pelo cano quando foi proibido de se expressar no Brasil via jornais, TV, palestras, etc. Em contrapartida o mundo inteiro lhe convidava para falar da sua fé e do seu compromisso com os pobres, especialmente os da América Latina.

Certa feita, teria dito ao Papa Paulo VI que vendesse a Capela Sistina do Vaticano e desse o dinheiro aos pobres. Também, mais uma vez, entrou pelo cano da intolerância brasileira por gozar dessa intimidade papal.

Após a revolução, mais um cano, dentre tantos: um taxista se deparou com ele dentro do seu taxi. Desmontou num choro. Dom Hélder indagou os motivos daquele pranto ao que o motorista respondeu: durante a ditadura fui pago a peso de ouro para lhe conduzir e dar cabo da sua vida. Hoje lhe vendo diante de mim sinto como eu teria sido injusto se tivesse lhe assassinado. O Dom apenas passou a mão na cabeça e disse "se quiser faça isso agora". Mas a viagem terminou em paz, nesse cano que lhe era reservado.

Poderia relatar vários outros "canos" que ele, na defesa dos pobres e de uma igreja libertadora, teria firmemente enfrentado. O tempo passou. Dom Hélder, finalmente entrara noutro cano: o clero conservador e os políticos da ditadura evitaram (manobra política) que o Estado do Vaticano lhe concedesse o Cardinalato. Mas ele, segundo se noticia, morreu como Cardeal IN PECTORE*, por uma deferência do clero romano e exigência do Papa.

Assim, com a noticia da sua CANONIZAÇÃO, certamente que ele entrará no "cano" da merecida santificação. O céu vai cair em festa regada a frevo e maracatu, baião de dois e bandeirolas de renda CEARENSE.

(Depois eu volto com mais Cano do Vati).
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* In pectore, literalmente "do peito", é um termo latino empregado para designar um cardeal que o Papa nomeou e cujo nome não tornou público.

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(**) Publicado no Recanto de Letras em 29/05/2014

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Para não dizer que não falei de futebol




Por Zezinho de Caetés

Para aqueles que pensam que, no Brasil, futebol não tem nada com política, falar de futebol agora já cansa. Mas, para quem, como eu, pensa que tem tudo a ver, a coisa é diferente. Da última vez que escrevi sobre a “Copa das Copas” (entre aspas mesmo, para mostrar que a expressão hoje tem apenas o significado figurativo que a Dilma tenta dar) ainda estava em ebulição. Tal qual um profeta, previ que se a gerenta presidenta comparecesse ao Maracanã iria ser xingada e vaiada. Não deu outra. A “elite branca” atacou de novo, e, queira Deus ataque em outubro na urna. Só sinto as urnas modernas não usarem papéis para escrever neles as letrinhas mágicas mais usadas nos estádios atualmente: VNTC.

A partir de agora, no entanto, é normal que se esmaeçam os escritos sobre futebol e cresçam os que falam de política. Para não perder o hábito encontrei um texto, que abaixo transcrevo de um grande escritor latino-americano, o Mário Vargas Llosa, que aborda as duas coisas de uma forma genial (site do El País em 12/07/2014), e que ele intitulou de: “A máscara do gigante”. Não é preciso concordar com ele em tudo, se concordamos no essencial: Foi o Lula quem levou este país à situação de descalabro econômico e moral em que o país se encontra, e que respingaram por todos os setores, inclusive o futebol. Portanto, não é uma novidade que hoje, estejamos dando vivas à Alemanha e chorando pela humilhação que ela nos proporcionou dentro do campo. E nem pensemos fora do campo, porque poderíamos ter um enfarto do miocárdio.

Arriscando cair aqui durinho pelas falhas do velho coração tenho que pensar. Num país onde uma presidenta está tentando ser reeleita apenas por aumentar o número de pobres dependentes do Bolsa Família, não pode ganhar da Alemanha, e, se ganhou do Chile foi graças à sorte que temos por acreditarmos que Deus é brasileiro. Eu mesmo já duvido disto, pois sei se a Dilma ganhar as eleições, Deus já está com o processo pronto para se naturalizar alemão. No Brasil de hoje a classe média ganha menos do que o salário mínimo, e o lulopetismo se jacta de ter mudado o Brasil e o livrado da miséria. Enganação tem um limite, que os próprios bolsistas familiares já estão descobrindo. Quando eles vão com suas bolsinhas ao mercado já veem que elas não valem mais no fim do mês quanto valiam no início.

Para quem leu um livro todo de economia na vida, e isto, tenho certeza não se aplica a Lula nem a Dilma, sabe que não há escapatória para determinadas leis. Sem crescimento e aumento de produtividade, qualquer ganho extra por parte de um grupo será comido cedo ou tarde pela inflação. Nós, já de uma certa idade, que alcançamos o Plano Cruzado, sabemos disto. Precisamos avisar aos nossos filhos e netos do que éramos, antes do Plano Real, ao qual o PT foi contra, e que nos livrou deste grande mal, e que hoje está sendo vilmente solapado por este governo.

As coisas estão mudando tão rapidamente que agora estou usando o sistema de PS (Post Scriptum) para desdizer ou afirmar o que disse antes (agradeço ao Zé Carlos por publicar). Estou escrevendo antes de qualquer pesquisa eleitoral ser conhecida. Com a força das minhas profetizações eu digo: A gerenta presidenta vai cair, embora não saiba se outros vão subir. Espero que antes de outubro ela chegue ao chão e que venha o Lula, para talvez dar uma palavrinha sobre os resultados de sua “Copa das Copas”. Pelo jeito ele vai dizer que não sabia ou, como é do seu feitio, vai dizer que dos gols da Alemanha, 6 foram em posição de impedimento e que somos campeões morais. Mas, o povo já sabe que imoralidade tem um limite.

Fiquem com o Vargas Llosa, que mostra muito melhor do que eu em que se transformou nosso gigante pela própria natureza, impávido colosso, corroído e mal tratado pelo PT.

“Fiquei muito envergonhado com a cataclísmica derrota do Brasil frente à Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, mas confesso que não me surpreendeu tanto. De um tempo para cá, a famosa seleção Canarinho se parecia cada vez menos com o que havia sido a mítica esquadra brasileira que deslumbrou a minha juventude, e essa impressão se confirmou para mim em suas primeiras apresentações neste campeonato mundial, onde a equipe brasileira ofereceu uma pobre figura, com esforços desesperados para não ser o que foi no passado, mas para jogar um futebol de fria eficiência, à maneira europeia.

Nada funcionava bem; havia algo forçado, artificial e antinatural nesse esforço, que se traduzia em um rendimento sem graça de toda a equipe, incluído o de sua estrela máxima, Neymar. Todos os jogadores pareciam sob rédeas. O velho estilo – o de um Pelé, Sócrates, Garrincha, Tostão, Zico – seduzia porque estimulava o brilho e a criatividade de cada um, e disso resultava que a equipe brasileira, além de fazer gols, brindava um espetáculo soberbo, no qual o futebol transcendia a si mesmo e se transformava em arte: coreografia, dança, circo, balé.

Os críticos esportivos despejaram impropérios contra Luiz Felipe Scolari, o treinador brasileiro, a quem responsabilizaram pela humilhante derrota, por ter imposto à seleção brasileira uma metodologia de jogo de conjunto que traía sua rica tradição e a privava do brilhantismo e iniciativa que antes eram inseparáveis de sua eficácia, transformando seus jogadores em meras peças de uma estratégia, quase em autômatos.

Contudo, eu acredito que a culpa de Scolari não é somente sua, mas, talvez, uma manifestação no âmbito esportivo de um fenômeno que, já há algum tempo, representa todo o Brasil: viver uma ficção que é brutalmente desmentida por uma realidade profunda.

Tudo nasce com o governo de Luis Inácio 'Lula' da Silva (2003-2010), que, segundo o mito universalmente aceito, deu o impulso decisivo para o desenvolvimento econômico do Brasil, despertando assim esse gigante adormecido e posicionando-o na direção das grandes potências. As formidáveis estatísticas que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística difundia eram aceitas por toda a parte: de 49 milhões os pobres passaram a ser somente 16 milhões nesse período, e a classe média aumentou de 66 para 113 milhões. Não é de se estranhar que, com essas credenciais, Dilma Rousseff, companheira e discípula de Lula, ganhasse as eleições com tanta facilidade. Agora que quer se reeleger e a verdade sobre a condição da economia brasileira parece assumir o lugar do mito, muitos a responsabilizam pelo declínio veloz e pedem uma volta ao lulismo, o governo que semeou, com suas políticas mercantilistas e corruptas, as sementes da catástrofe.

A verdade é que não houve nenhum milagre naqueles anos, e sim uma miragem que só agora começa a se esvair, como ocorreu com o futebol brasileiro. Uma política populista como a que Lula praticou durante seus governos pôde produzir a ilusão de um progresso social e econômico que nada mais era do que um fugaz fogo de artifício. O endividamento que financiava os custosos programas sociais era, com frequência, uma cortina de fumaça para tráficos delituosos que levaram muitos ministros e altos funcionários daqueles anos (e dos atuais) à prisão e ao banco dos réus.

As alianças mercantilistas entre Governo e empresas privadas enriqueceram um bom número de funcionários públicos e empresários, mas criaram um sistema tão endiabradamente burocrático que incentivava a corrupção e foi desestimulando o investimento. Por outro lado, o Estado embarcou muitas vezes em operações faraônicas e irresponsáveis, das quais os gastos empreendidos tendo como propósito a Copa do Mundo de futebol são um formidável exemplo.

O governo brasileiro disse que não havia dinheiro público nos 13 bilhões que investiria na Copa do Mundo. Era mentira. O BNDES (Banco Brasileiro de Desenvolvimento Econômico e Social) financiou quase todas as empresas que receberam os contratos para obras de infraestrutura e, todas elas, subsidiavam o Partido dos Trabalhadores, atualmente no poder. (Calcula-se que para cada dólar doado tenham obtido entre 15 e 30 em contratos).

As obras em si constituíam um caso flagrante de delírio messiânico e fantástica irresponsabilidade. Dos 12 estádios preparados, só oito seriam necessários, segundo alertou a própria FIFA, e o planejamento foi tão tosco que a metade das reformas da infraestrutura urbana e de transportes teve de ser cancelada ou só será concluída depois do campeonato. Não é de se estranhar que o protesto popular diante de semelhante esbanjamento, motivado por razões publicitárias e eleitoreiras, levasse milhares e milhares de brasileiros às ruas e mexesse com todo o Brasil.

As cifras que os órgãos internacionais, como o Banco Mundial, dão na atualidade sobre o futuro imediato do país são bastante alarmantes. Para este ano, calcula-se que a economia crescerá apenas 1,5%, uma queda de meio ponto em relação aos dois últimos anos, nos quais somente roçou os 2%. As perspectivas de investimento privado são muito escassas, pela desconfiança que surgiu ante o que se acreditava ser um modelo original e resultou ser nada mais do que uma perigosa aliança de populismo com mercantilismo, e pela teia burocrática e intervencionista que asfixia a atividade empresarial e propaga as práticas mafiosas.

Apesar de um horizonte tão preocupante, o Estado continua crescendo de maneira imoderada – já gasta 40% do produto bruto – e multiplica os impostos ao mesmo tempo que as “correções” do mercado, o que fez com que se espalhasse a insegurança entre empresários e investidores. Apesar disso, segundo as pesquisas, Dilma Rousseff ganhará as próximas eleições de outubro, e continuará governando inspirada nas realizações e logros de Lula.

Se assim é, não só o povo brasileiro estará lavrando a própria ruína, e mais cedo do que tarde descobrirá que o mito sobre o qual está fundado o modelo brasileiro é uma ficção tão pouco séria como a da equipe de futebol que a Alemanha aniquilou. E descobrirá também que é muito mais difícil reconstruir um país do que destruí-lo. E que, em todos esses anos, primeiro com Lula e depois com Dilma, viveu uma mentira que seus filhos e seus netos irão pagar, quando tiverem de começar a reedificar a partir das raízes uma sociedade que aquelas políticas afundaram ainda mais no subdesenvolvimento. É verdade que o Brasil tinha sido um gigante que começava a despertar nos anos em que governou Fernando Henrique Cardoso, que pôs suas finanças em ordem, deu firmeza à sua moeda e estabeleceu as bases de uma verdadeira democracia e uma genuína economia de mercado. Mas seus sucessores, em lugar de perseverar e aprofundar aquelas reformas, as foram desnaturalizando e fazendo o país retornar às velhas práticas daninhas.

Não só os brasileiros foram vítimas da miragem fabricada por Lula da Silva, também o restante dos latino-americanos. Por que a política externa do Brasil em todos esses anos tem sido de cumplicidade e apoio descarado à política venezuelana do comandante Chávez e de Nicolás Maduro, e de uma vergonhosa “neutralidade” perante Cuba, negando toda forma de apoio nos organismos internacionais aos corajosos dissidentes que em ambos os países lutam por recuperar a democracia e a liberdade. Ao mesmo tempo, os governos populistas de Evo Morales na Bolívia, do comandante Ortega na Nicarágua e de Correa no Equador – as mais imperfeitas formas de governos representativos em toda a América Latina – tiveram no Brasil seu mais ativo protetor.


Por isso, quanto mais cedo cair a máscara desse suposto gigante no qual Lula transformou o Brasil, melhor para os brasileiros. O mito da seleção Canarinho nos fazia sonhar belos sonhos. Mas no futebol, como na política, é ruim viver sonhando, e sempre é preferível – embora seja doloroso – ater-se à verdade.”