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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Pescar de Loca




Por Carlos Sena (*)

(Pra não falar em Politica)

Houve um tempo em que as meninas eram pedidas em namoro. Enquanto o rapaz não se pronunciasse, literalmente tipo: "você quer namorar comigo"?, não tinha namoro. Era mais ou menos assim o ritual dos primeiros encontros para depois entrar nos primeiros amassos. Amassos? Explico. Pegar na mão tinha status de amasso. Ficar no escurinho do cinema, aff, era um apogeu do namoro. Um beijo? O beijo era tão profundo quando acontecia que algumas menias perguntavam às outras se engravidava com o beijo. Dizer isso para a juventude de hoje soa como surreal, mas é verdade que isso era verdade. Havia exceções, porque sempre teve mulher avançada desde que o homem é homem. Porque a sexualidade manda em nós independente de padrões culturais. Vale salientar que era uma época de muito romantismo e as meninas sonhavam com um príncipe encantado. Sonhavam entrar na igreja de véu e grinalda e ouvir o "unidos até que a morte separe" proferido pelo padre.

Os meninos, do alto das suas atitudes superiores - atitudes de macho - bem disseminadas na época tal qual é hoje. Mas, o freio social havia. O namoro tinha que ser na casa da menina e o rapaz tinha que desfrutar da qualidade de ser respeitador e bem intencionado para com aquela gazela cortejada oficialmente. Ficavam, os namorados, na varanda, ou no alpendre, mas sempre sob os olhares dos pais ou do irmão mai velho que tinha essa incumbência de deduração. Quando os rapazes se encontravam na praça, após sair da casa da namorada, então vinham as perguntas tipo: já pegou na mão? Já beijou na boca? Já "pescou de loca"? Pescar de loca era passear com o tato pelas regiões pudendas das meninas... Que coisa feia essa história de pudendas. Mas é que hoje eu estou meio fora de mim no quesito irreverencia.

Trazendo para os dias atuais essas situações há quem possa imaginar que isso nunca aconteceu. E com razão. Dá mesmo pra pensar assim, porque hoje só se encontra uma "moça" no rótulo do leite Moça. Beijar na boca nem tem graça, pescar de loca é coisa superada, ir pra motel... Bem, ir pra motel ninguem mais vai. Metel seria o nome apropriado. Mas, se depois do Metel não houver nada mais além do que já houve, tudo certo. Porque FICAR é o produto revolucionário da geração nenem. Os namoros, em sua maioria, começam com um test drive.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 24/09/2014

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