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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Depois do Petrolão, "Delenda est PT"




Por Zezinho de Caetés

Hoje transcrevo um texto do imortal Merval Pereira, cujo título é “Delenda Marina” (09/09/2014 – O Globo). Como defendo que se escreva hoje numa linguagem intelegível até para os bolsistas familiares, tenho que lidar até com o Latim, que é uma língua mais morta do que a possibilidade da Dilma ser reeleita, a esta altura do campeonato.

Hoje não se precisa nem recorrer à memória nem aos velhos alfarrábios (livros velhos sem muita importância, para ser mais claro e prolixo, como convém explicar alguma coisa a alguém que tem o mesmo conhecimento que o Lula) para explicar a frase. Basta ir à Wikipédia (antes que o Planalto a mude) e verificar:

“"Delenda est Carthago" ("Cartago deve ser destruída") é uma frase célebre da oratória latina cujo uso se popularizou na República Romana, no século II a.C., durante os últimos anos das Guerras Púnicas, travadas por Roma contra Cartago, especialmente pelos membros do partido político que visava eliminar qualquer ameaça à República Romana de seus velhos rivais cartaginenses, que haviam sido derrotados anteriormente por duas vezes e tinham uma tendência a reconstruir rapidamente suas defesas após cada derrota militar. Simboliza uma política de aniquilação dos inimigos de Roma que se envolvessem em quaisquer atos de agressão, e a rejeição de tratados de paz como uma forma de dar um fim a conflitos bélicos.”

Pronto, qualquer pessoa agora saberá do que o imortal Merval vai tratar. Resumo. Depois da morte do Eduardo Campos e com a candidatura de Marina à presidência, o mapa eleitoral mudou em direção da eleição de Marina, o que poderia se dar até no primeiro turno. O que fazer? Perguntaram os seus adversários. Ora, o mesmo que Roma queria fazer com Cartago: Delenda ela! A Dilma bate de um lado e o Aécio bate de outro. E a Marina, tão magrinha, coitadinha, ficou mais exprimida do que cachorro debaixo de pneu de carreta.

Da Dilma, leia-se PT, já era esperada esta reação, e do Aécio também. A diferença entre os dois é que, se antes, a corrupção já era até marca d’água nos papeis lidos pela Dilma, agora é a mentira que não sai de seus lábios. O Aécio não mente tanto, e para um político, ele parece até cumprir um ritual. Todos querem que a Marina volte para o Xapuri, como eu quero que o Lula volte para minha querida Caetés.

Mas, isto já é jornal de ontem e a morte do Eduardo já havia sido absorvida pela população, mas agora, ele ressurgiu para atazanar a vida da Marina, com o escândalo do Petrolão, que foi o vazamento das entrevistas do Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás, agora preso, e que resolveu, através da Delação Premiada, colocar não só os pingos nos i,s mas jogá-los, sujos de petróleo em cima de monte de gente, inclusive do Eduardo. Eu penso que, mesmo o Eduardo sendo culpado, não se pode envolver a Marina com todos os imbróglios que seu antigo colega de chapa se meteu em vida. Para não  ter alguma culpa é necessário que ela apoie qualquer tipo de investigação, mesmo que elas possam levar à culpar o Eduardo. Só assim ela estará livre para merecer minha confiança, apesar de ainda não ter decidido meu voto.

Já a Dilma e o Lula, estes não têm escapatória. O que eles deixaram fazer na Petrobrás, segundo eles próprios, o grande patrimônio do povo brasileiro, não tem perdão. Mas o que vemos? A exemplo de Lula no caso do mensalão em 2005, a Dilma poderá dizer que foi traída e pedirá desculpas aos brasileiros pelo escândalo do mar de lama que entope os dutos da Petrobras, ameaçando tragar a maior empresa do continente, mas, o povo brasileiro já cansou desta lorota, que Lula usou para se eleger em 2006. Mesmo assim, seria uma saída melhor do que apelar para o “Não sabia!”, outra criação do seu criador.

Se assim ela não proceder, pegando o papel de boba da corte, em relação a seus subalternos na administração da Petrobrás, o que dirá ela da lista do Paulinho (como Lula chamava o assessor lavador de dinheiro a jato) que envolve tantos aliados de primeira, segunda e última hora?  Vejam o tamanho da encrenca em que ela se meteu e como ela saiu de encrencas anteriores, nas palavras do Ricardo Noblat (em seu blog em 08/09/2014) quando ele fala do “Mar de lama que envolveu a Petrobrás”:

“A auxiliar de mais largo prestígio nos oito anos de Lula no poder, a presidente eleita sem jamais ter sido, sequer, síndica de prédio, Dilma foi surpreendida, assim como o seu mentor, pelo escândalo do mensalão – o pagamento de propina a deputados federais para que votassem conforme a vontade do governo.

Foi surpreendida de novo quando chefiou a Casa Civil da presidência da República e ficou sabendo que um dos seus funcionários confeccionara um dossiê sobre o uso de cartões corporativos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, dona Ruth.

Dilma pediu desculpas ao casal. O autor do dossiê conseguiu manter-se na órbita do serviço público.

Outra vez, Dilma foi surpreendida pela suspeita de malfeitos praticados por Erenice Guerra, seu braço direito na Casa Civil e, mais tarde, sucessora no comando do ministério.

Na ocasião, Dilma estava em campanha pela vaga de Lula. Para evitar danos à sua candidatura, Erenice pediu demissão. Dali a dois anos, a Justiça a inocentou por falta de provas de que roubara e deixara roubar.

Quase ao término do seu primeiro ano de governo, batizada por assessores de “a faxineira ética”, Dilma degolou seis ministros de Estado. Pesaram contra eles acusações de corrupção publicadas pela imprensa.

De lá para cá, ministérios e cargos públicos foram entregues por Dilma aos ex-ministros degolados ou a grupos políticos ligados a eles. A “faxineira ética” baixou à sepultura.

Por ora, Dilma está atônita e se recusa a falar sobre o mais novo escândalo que bate à sua porta.

Paulo Roberto Costa, chamado de Paulinho por Lula, preso em março último pela Polícia Federal como um dos cérebros da quadrilha acusada de roubar a Petrobras, começou a contar o que sabe – ou o que diz saber. Em troca, quer o perdão judicial para não ter que amargar até 50 anos de cadeia.

Dilma sabe muito bem quem é Paulinho, nomeado por Lula em 2004 para a diretoria de Abastecimento da Petrobras. Saiu dali só em 2012.

No período, compartilharam decisões, algumas delas, responsáveis por prejuízos bilionários causados à Petrobras.

Dilma mandou diretamente na empresa enquanto foi ministra das Minas e Energia e chefe da Casa Civil. Manda, hoje, via o ministro Edison Lobão, das Minas e Energia.

Lobão foi citado por Paulinho como um dos políticos integrantes da mais nova e “sofisticada organização criminosa” da praça, juntamente com mais seis senadores, 25 deputados federais e três ex-governadores.

A organização superfaturava licitações da Petrobras e desviava dinheiro para um caixa que financiava campanhas de políticos da base de apoio ao governo. Por suposto, nem Lula nem Dilma sabiam disso.

O que é mais notável: entra campanha e sai campanha da Era PT, e os adversários do governo são acusados por Lula e Dilma de se valerem da Petrobras como arma política.

Pois bem, debaixo do nariz deles, camaradas deles usaram a Petrobras como arma para enriquecer.”

Eu não quero me prolongar para não cansar a paciência de vocês, e transcrevo abaixo o Merval, para vocês meditarem sobre os possíveis caminhos dos candidatos a presidente. Eu acho que a Dilma só teria uma saída honrosa: Renunciar e colocar o Michel Temer em seu lugar, porque o Lula também já era.

“Pois “Delenda Marina” é a frase que move as campanhas de Dilma e Aécio Neves, com estratégias distintas, mas com o mesmo objetivo. Dilma sabe que hoje sua principal rival é a ex-senadora petista, e quer, no mínimo, vê-la chegar ao 2º turno debilitada.

Já Aécio busca recuperar o segundo lugar na disputa para ir ao segundo turno com chances de vitória. Sua campanha está convencida de que quem for para o segundo turno com Dilma vence a eleição, ainda mais agora com os novos escândalos na Petrobras.

A campanha de Dilma tem sido de uma agressividade reveladora, pois não tem pruridos em explorar até mesmo contradições que não existem, como o suposto menosprezo do programa de Marina pelo pré-sal. Não há nada no programa que indique isso, mas o PT é especialista em criar fantasmas, tática do medo que esteve na raiz de campanhas contra o próprio Lula em 1989 e hoje é usada por seus aliados sem o menor constrangimento.

Collor, hoje aliado político, espalhou boatos contra Lula: ele iria confiscar a poupança, ideia que o próprio Collor tornou realidade depois de eleito. Os apartamentos dos ricos seriam divididos com os pobres. E por aí vai. Hoje, o PT não tem vergonha de comparar Marina ao Collor de 89, embora o Collor de 2014 seja de sua base de apoio no Congresso. E repete a velha e vil manobra de acusar Marina de querer privatizar a Petrobras, que já deu certo em 2006 contra Geraldo Alckmin.

Desta vez, o efeito tende a ser menor, pois, além de a acusada ser uma política oriunda do petismo e da esquerda, os problemas da Petrobras estão justamente na “privatização” branca da estatal feita pelos petistas e partidos aliados, que gerou uma série de escândalos de corrupção cuja investigação em curso ainda deve dar muito o que falar.

Os vazamentos dos depoimentos do ex-diretor Paulo Roberto Costa, retirado de uma “geladeira” na companhia para, durante 8 anos de gestão petista com Dilma Rousseff à frente da área de energia, capitanear um mega esquema de corrupção para financiamentos de partidos políticos, estão reafirmando a face mais perversa dessa “velha política” que o PT aprofundou ao chegar ao poder.

Por duas vezes, aliás, essa prática foi admitida implicitamente pela própria presidente Dilma, ontem na entrevista ao “Estadão”, e pelo ministro Gilberto Carvalho. A presidente disse: “Se houve alguma coisa, e tudo indica que houve, eu posso te garantir que todas, vamos dizer assim, as sangrias que eventualmente pudessem existir estão estancadas".

Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, elaborou uma tese sobre o caixa dois das campanhas: “Enquanto houver financiamento empresarial de campanha e a campanha se tornar momento de muitos ganharem dinheiro e movimentar muito recurso, quero dizer que não há quem controle a corrupção enquanto houver este sistema eleitoral. E isso é com todos os partidos, não há, infelizmente, nenhuma exceção”.

Os dois, portanto, tentam reduzir a importância do que acontece nas entranhas do governo, da mesma maneira que Lula tentou relativizar o mensalão dizendo que era uma prática que “todo mundo faz”.

Já Aécio, que andou batendo forte em Marina a ponto de ter provocado nas hostes da adversária a advertência de que a possibilidade de acordo num segundo turno e num futuro governo estava comprometida, vai calibrar a pontaria mais em Dilma do que em Marina na questão da Petrobras, na certeza de que “esse escândalo é dela”.

Marina, envolvida nessa trama indiretamente devido à citação do falecido governador de Pernambuco Eduardo Campos, vai continuar sendo atacada na alegada inexperiência e nas contradições de seu programa de governo “porque nós precisamos ganhar a eleição”.

Na avaliação da campanha de Aécio, deixar que só a presidente Dilma ataque Marina seria abrir mão de disputar a vaga no segundo turno a favor de Marina, em busca de um acordo futuro.


Mesmo não prescindindo desse eventual acordo, Aécio não pretende abrir mão da chance que vê de retomar a disputa presidencial, na esperança que um segundo turno será especialmente difícil para a presidente Dilma, diante das informações sobre o esquema de corrupção que devem circular nesses próximos 45 dias de campanha.”

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