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quarta-feira, 16 de julho de 2014

O Sofá do Político Nosso de Cada Dia.




Por Carlos Sena (*)

Tem gente que só sabe postar matéria contra o governo. Se fosse de outro partido que não o PT seria a mesma coisa. Porque o mal não se resolve com mudança de partido, mas com uma profunda Reforma Política.

Esse meu entendimento se finca em coisas simples e práticas, tais como: 

1. Quando um empresário investe milhões para a campanha de um candidato, não é porque ele seja bonzinho e demonstre sentimento pátrio com isso. Se o candidato for eleito, amanhã ou depois ele vai buscar com juros o que investiu. De que forma? Tomando por exemplo um empresário de supermercado ele vai buscar apoio do "seu" parlamentar para, por exemplo, para não fazer cumprir as determinações da vigilância sanitária, ou os 15 minutos da lei municipal que garante apenas esse tempo de espera na fila. O supermercado é fechado, mas no outro dia ele fica aberto!

2. Quando o candidato é rico e gasta seus milhões com sua eleição, também vai buscar esse custo de alguma forma. Nomear parentes é uma; criar dificuldades pra vender facilidades é outra; corrupção ativa e passiva e assim por diante. 

3. Internamente os candidatos fazem dobradinha financeira: um candidato a deputado estadual recebe dinheiro de outro candidato a federal para pedir votos no seu reduto eleitoral. Internamente, há outras negociatas para a maximização do caixa 2, até mesmo um se passando por apoiar outra legenda só pra não dar na cara esses acordos.

4. Negociatas de candidaturas sem chance - as chamadas nanicas, só pra servir de rodo para outro candidato.

Essa talvez seja a mais importante etapa de uma reforma política. Mas, sozinha, cai no mesmo dilema que nos encontramos agora, pois ela precisa de ser composta no viés do voto distrital e da fidelidade partidária.

O voto distrital, porque "amarra" os candidatos a um reduto eleitoral onde se imagina que o postulante tenha serviços prestados ou, no mínimo, um bom relacionamento com a comunidade. Depois de eleito, o "distrito" que o elegeu saberá cobrar os compromissos assumidos na campanha, etc.  A fidelidade partidária, por sua vez, ajuda a definir a estrutura de ideias que o partido defenderá. Evita, sobremaneira, os candidatos oportunistas. Evita, acima de tudo, que os partidos virem "balaios de gatos" abrigados via COLIGAÇÃO em determinadas siglas partidárias que não as suas, mas servem para as negociatas. A inexistência de Fidelidade Partidária leva os parlamentares a mudarem de partidos sempre que se sentirem com seus interesses contrariados. Porque o que importa não é o partido, mas os jeitinhos que foram dados para que a coligação acontecesse.

Quando a fidelidade partidária existe, as negociadas dificilmente ocorrem. Porque os partidos são obrigados a colocar pra fora os infiéis. É a fidelidade partidária quem consolida os partidos, embora não esteja ela atrelada ao financiamento público de campanha.

Portanto, devemos lutar por uma reforma completa: com financiamento público de campanha, com voto distrital e com fidelidade partidária. Sem isso tudo fica como antes. E, como dissemos, o voto noutros candidatos será apenas a "troca do sofá" porque o amante será o mesmo e só contará com o inconveniente que é chifrar sem sentar no sofá.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 25/05/2014

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