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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Fatídico Aniversário.




Por Carlos Sena (*)

Aniversário todo mundo faz, pois afinal, não nascemos via chocadeira. Particularmente não curto isso, mas não tem nada de psicanalítico. Apenas não fui socializado nessa lógica do consumo que tudo comemora. Mesmo porque, de família pobre no interior, a minha família não nos acostumou com isso. A bem da verdade, nem mesmo meus colegas ricos ou assim como eu, não tínhamos essa prática. Muitas vezes, lá em casa, a gente se esquecia  mesmo o aniversário de um ou outro irmão. Afinal, eram 9 – pela proa e, diante de um mundo livre em que vivíamos comemorar aniversário perdia de dez, por exemplo, de um bom jogo de bola, esconde-esconde (no bom sentido), bola de gude, jogar dama, xadrez, barra bandeira, queimado, gritar palhaço quando tinha circo na cidade, subir serras e descê-las, tomar banho de bica, etc., nos credenciavam certamente a entender que fazer aniversário seria mesmo um detalhe de somenos importância.

Contudo, na cidade grande, logo se entra na onda. Na onda de coisas boas e de coisas que para muitos são boas, mas para alguns outros não. Não gosto de comemoração de aniversário. Não acho graça. Mas, como sempre o “ultimo pinto é sempre na cueca” nem sempre a gente  evita que os amigos (os bons) nos encham de afagos. E afagos sinceros. Porque dentro de nós a gente sabe quem gosta de nós por nós e que nos gosta por fora detestando por dentro. Tenho sorte de ter muitos amigos na primeira alternativa. Prova de que não gostar de festa de aniversário não é por conta disso, mas por conta de não ter conta. Quando é só entre a família e os mais chegados, até que se leva mais na esportiva. Ruim é quando a gente ocupa cargos públicos. Aqui e acolá a gente ouve os que não gostam da gente: “eu que não dou cota pra aniversário de ninguém” ou coisas parecidas.  Tento compreender tudo isso e no “balanço” chego a conclusão que não é a festa que prefiro, embora com tantas redes sociais a gente fica sem privacidade até mesmo para esconder sua data de nascimento (se alguém não souber fiz 63).  Diante disso e dos bons e maravilhosos amigos que tenho, fez-se uma comemoração “às escondidas”. Mas gorou. Logo no dia do meu aniversário, vazei. Acordei com mal estar e não deu outra: naquele dia (ontem) eu estava vazado. Nada entrava pela boca, mas tudo saia pelo fiofó. O coitado chega ficou irritado de tanto vazamento pela glútea região sonora do corpo (duas bandas e um conjunto). Mas a festa foi linda. Intimista e só com gente do meu coração, sem, claro, faltar a pessoa que comigo dorme/e acorda. Minha família tava lá, todos, menos eu que tava vazando, literalmente no vazo. O telefone não parou de tocar. Aliás, já nem tocava, pois na minha cabeça mais parecia um “incelença” ou um ponto de macumba em dia de sexta feita. Levaram-me a Prontolinda que de pronto não tem nada e de linda só porque fica em Olinda. Passado o dia, estou em casa ainda me recuperando, mais “RE-CU” do que perando. Contudo foi bom. Os amigos comeram e beberam a cântaros. Mamãe ficou feliz com sua casa cheia e a única barriga que não foi enchida foi a minha, porque se pela minha boca nada entrou, pelo fiofó tudo saiu. O quê eu não sei...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 29/01/2014

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