Em manutenção!!!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A AGD na América - Os mugidos da chegada



Fila no Aeroporto dos Guararapes - Operação Padrão?


Por Zé Carlos

Depois de um período de nervoso atroz, conseguiram me deixar no Aeroporto Internacional dos Guararapes, para voar com destino à América. Como “quem é cocho parte cedo”, chegamos lá com quase 4 horas de antecedência. Duas de praxe e mais duas com medo da Operação Padrão da Polícia Federal. Diga-se de passagem, que greve de funcionário público, embora prevista em nossa Constituição, nunca foi regulamentada, o que deve ser feito com urgência.

As greves na iniciativa privada tem seus ritos e ritmos próprios, mas, aquelas dos serviços públicos sofrem pela falta de regras, totalmente. Basta um dirigente sindical pintar uma faixa e colocar num local visível: Estamos em Greve, e nós os consumidores contribuintes, temos que nos sujeitar aos seus ditames. Mesmo nos serviços não considerados essenciais, como aqueles em que trabalhei e “grevei” várias vezes (área de educação superior pública) já há um bom prejuízo para aqueles neles envolvidos. Imaginem então os serviços essenciais! Eu fico imaginando um monte de cadáveres insepultos numa greve de coveiros, o lixo cobrindo as ruas pelas greves dos garis ou mesmo as pessoas morrendo nos hospitais por uma greve na área da saúde.

O que me ameaçava atingir na partida era a greve da Polícia Federal. Fomos informados que o voo atrasaria 1 hora, então, todos dissemos: “A operação padrão nos pegou”. A operação padrão é algo legal, pois apenas eles estão se esmerando em fazer os serviços no limite da eficiência, mas, para mim torna-se, certas vezes, absolutamente antiéticas, pela imprecisão com que se define eficiência. Muitas vezes isto significando provocar o caos nos serviços com o qual perdemos todos.

Então se formou uma grande fila onde todos reclamavam e todos tinham razão. Lembro de uma cearense dizendo ao guarda: “Meu filho, chame o pessoal aí para atender a gente! Com sua pouse você deveria ter alguma autoridade aqui!” O cara simplesmente ria enquanto nós quase chorávamos. Ora, se há atraso aqui e lá na América não tem atraso, vamos perder nossas conexões e dormir pelos aeroportos da vida. Este, penso eu era o pensamento comum.

Pessoalmente, meu desejo era aproveitar este tumulto e ir embora, quando avisaram que o avião chegou e o atraso foi porque estavam fazendo uma manutenção da pista do aeroporto em Salvador, de onde vinha o avião, e não a operação padrão. Graças a Deus! Mas, o atraso de uma hora já estava configurado. Eu pensei, não tem problema pois o piloto deve por o pé fundo no acelerador e tirar o atraso, porém, nem sei, e nem quero saber se isso é possível. Voamos e fomos a 34 mil pés. Não sei se eram de moleques, mas, subimos à beça. E o atraso foi tirado, chegando a Miami no horário. E aí começou tudo de novo.

Estava chovendo por lá e os aviões de lá também estavam atrasados e ficamos quase uma hora para desembarcar. O que fizemos dentro de um outro curral, muito maior, do que aquele do consulado, que é da imigração americana. E lá, é onde eles colocam os vaqueiros mais cruéis para tanger o gado que chega de todas as partes do mundo. Aquele mar de gente inerte a levarem gritos de uma mulher de cabelos grisalhos, agora em inglês e com ar de riso, como quem diz: “Eita povo besta. Parecem almas penadas.” E não adiantava reclamar pois eles, mesmo sendo hispânicos em sua maioria tem que se portar como americanos, e estes só falam inglês. Outras línguas só são entendidas pelos colonizados ou quando é para tirar proveito deles.

E aí caímos numa fila, e dela para um guichê, onde um rapaz de seus 30 anos com um crachá onde expunha seu nome: Torres. Eu pensei, este, deve até entender-nos melhor pois pode ser até parente do grande técnico de futebol de Bom Conselho, o saudoso Jorge Torres. Não era. Tratou-nos como se fosse lixo dizendo com aquele olhar autoritário: Go back! Go back! quando eu cometia a ousadia de me aproximar um pouco mais. Olhou os documentos, olhou para nós, mandou colocar todos os dedos numa luz verde (confesso, que mesmo sem violência eu gostaria de colocar o dedo em algum lugar, lá nele) e decretou: Podem entrar. Ufa! Se eu fosse um deslumbrado, teria feito como o Papa João Paulo II, me ajoelhado e beijado o chão daquela grande terra; não sendo um deslumbrado, depois daquela recepção, eu tive vontade foi de cuspir. Não sei por quê!

E lá vamos pegar as malas. E numa viagem, quando roubam de nós nossos pertences,  despachando-as, nosso sonho é encontrá-los intactos na outra ponta. E como a esperança é a última que morre fomos atrás delas e a encontramos. Depois de andar algum tanto, as entregamos outra vez para ir noutro avião. E fomos em frente para encontrá-lo. O Aeroporto de Miami talvez seja maior do que o Açude da Nação, antes de estourar. Tem até trem dentro dele, e lá fomos nós.

Depois de uma longa espera, fomos avisados, e fingimos que entendemos, que iríamos embarcar. E lá fomos nós para o nosso destino final: Pittsburgh no estado da Pensilvânia. A viagem, apesar do atraso decorreu bem, exceto pela misto de decepção e alegria que senti ao entrar no avião, neste último trecho da viagem. Decepção pela qualidade da aeronave, que não sei se por causa da idade dela me pareceu horrorosa, e alegria por saber que ela foi fabricada pela EMBRAER ai no Brasil, e se eles a importaram é porque tem seu valor.

E, depois de uma jornada a pé, já no outro dia no aeroporto de Pittsburgh, de um desencontro com alguém que deveria estar nos esperando, chegamos ao Hotel, onde de hoje escrevo. Confesso que me sinto muito melhor quando chego ao Hotel Raizes, e olho para a serra careca de Santa Terezinha. E a viagem continua....

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